sábado, 4 de abril de 2009

A Epistemologia do Professor- Filosofia da educação

Área Edu
A EPISTEMOLOGIA DO PROFESSOR

Aprende-se a fazer fazendo.
Os mecânicos não detêm os aprendizes das suas artes com especulações teóricas,põem-nos imediatamente a trabalhar, para que aprendam a fabricar fabricando, a esculpir esculpindo, a pintar pintando, a dançar dançando etc. Portanto, também nas escolas, deve-se aprender escrever escrevendo, a falar falando, a cantar cantando, a raciocinar raciocinando etc., para que as escolas não sejam senão oficinas onde se trabalha fervidamente. Assim, finalmente, pelos bons resultados da prática todos experimentarão a verdade do provérbio:fazendo aprendemos a fazer (Fabricando fabricamur).
Mostre-se o uso dos instrumentos, mais com a prática que com palavras, isto é, mais com exemplos que com regras.
(Comênio).
INTRODUÇÃO


A escola é por excelência o local que, bem ou mal, circula o conhecimento. No entanto é comum deixar um professor em dificuldades mediante as questões: o que é conhecimento? Como conhecemos? Qual a origem do conhecimento?
Alguém poderá dizer que tais questões são próprias dos filósofos, e nada tem a ver nas soluções práticas do professor.
Entretanto, há um engano nesta colocação. Quando um professor seleciona o conteúdo da disciplina que vai ministrar, quando decide como vai trabalhar este conteúdo, quando enfrenta dificuldades nos alunos, na verdade está pressupondo questões metodológicas. Mesmo não respondendo as questões acima colocadas, ele age a partir de um saber não tematizado, apenas baseado no senso comum.
Neste texto vamos apresentar a necessidade de superar o senso comum, buscando a consciência crítica do fazer pedagógico, sem a qual é impossível uma verdadeira práxis.

1 A TEORIA DO CONHECIMENTO

Falando em conhecimento estamos designando o ato de conhecer como uma relação que se estabelece entre a consciência que conhece e o objeto conhecido; pode-se também falar em produto ao resultado desse processo.
Embora, os dois aspectos sejam importantes, enfatizaremos o segundo, por atribuir à escola a transmissão do conhecimento, descuidando, muitas vezes, das questões relativas às formas pelas quais é construído o saber.
Esta situação é compreensível, pois num primeiro momento a nossa relação como o mundo é pré-reflexiva, não tematizada, pois, não refletimos sobre a maneira de nossas crenças, ou no porque de usarmos o senso comum. Mesmo que tenhamos acesso a formas mais elaboradas de conhecimento, tais como a ciência, persiste a idéia do produto acabado, sem até preocupar com sua gênese.
Vamos ater no ato de conhecer, cujas questões são tratadas na teoria do conhecimento, uma parte da filosofia que investiga as relações entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido.
Este foi um problema pouco discutido na Antiguidade e na Idade Média; só a partir da Idade Moderna a teoria do conhecimento constituiu uma disciplina independente. Isto porque, para os antigos não era colocada em questão a realidade do mundo e nem a capacidade do homem em conhecê-la . De acordo com Aranha (1996, p.129),
Para os modernos, no entanto, a realidade é vista como um problema no sentido em que passa a ser necessário investigar, primeiro a respeito da origem do conhecimento (qual é a fonte do conhecimento) e a respeito do critério de verdade (o que permite reconhecer o verdadeiro).
Dessas indagações surgem duas linhas de pensamento: racionalismo e empirismo que marcam daí para frente a reflexão filosófica. O racionalismo teve seu maior expoente Descartes e o empirismo John Locke.

1.1 O inatismo

Como vocês já viram, Descartes iniciou sua filosofia com a teoria do conhecimento, indagando sobre a capacidade do homem para conhecer a verdade. Ele não parte da realidade do mundo, mas vai buscar no sujeito os critérios para estabelecer algo como verdadeiro.
A importância da filosofia cartesiana, está justamente na maneira de se posicionar frente ao conhecimento. Trata-se de um inatismo e um subjetivismo, no sentido de que há uma nova hierarquia entre os sentidos e o intelecto. A realidade está sempre primeiramente no espírito, isto é, no sujeito e se apresenta na forma de idéias.
Para Descartes, as idéias claras e distintas são gerais, não derivam do particular, mas já se encontram no espírito, como instrumentos de fundamentação para a apresentação de outras verdades. São idéias inatas, portanto, não estão sujeitas a erros, pois vêm da razão, independentes das que vêm de fora, fornecidas pelos sentidos ou pela imaginação.
São várias os conceitos desta tendência: subjetivismo, idealismo, racionalismo, inatismo e apriorismo, que diante dos pólos sujeito e objeto, o primeiro tem privilégio.
Inatismo, vem do conceito de que as idéias são inatas, nascem com o sujeito; apriorismo, vem de a priori, significa que é anterior à experiência sensível.
Assim, para os inatistas ou aprioristas, se o conhecimento é uma forma pela qual entramos em contato com a realidade, não podemos saber se o que conhecemos é verdadeiro ou falso, se não tiver um critério seguro. E este critério está no espírito.

1.2 O empirismo

Locke, influenciado pelo pensamento cartesiano, escolhe outro caminho para a busca do conhecimento. Faz críticas sobre as idéias inatas e afirma que a mente humana é uma tabula rasa, onde não há inscrições e que o conhecimento só provém da experiência sensível. Daí sua teoria denominar-se empirismo, que significa experiência.
Segundo Locke, há duas fontes possíveis para nossas idéias: a sensação e a reflexão. A sensação é o resultado da modificação feita na mente por meio dos sentidos, enquanto que a reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nele ocorre.
Ao contrário de Descartes que enfatiza o sujeito, Locke dá destaque ao objeto na realização do conhecimento; entretanto isto não quer dizer que o inatismo despreze a experiência sensível, mas esta é considerada apenas a ocasião do conhecimento, estando sujeita a enganos. Do mesmo modo, o empirismo não despreza a razão, mas a subordina ao trabalho anterior ao da experiência.

1.3 Outras correntes metodológicas

No século XIX surge o positivismo com Augusto Comte, herdeiro da tendência empirista. Comte recusa as explicações teológicas e metafísicas, consideradas formas inferiores de compreensão do mundo; para ele o ponto mais alto da maturidade do espírito humano corresponde ao estado positivo.
Já o sociólogo Durkheim partiu do pressuposto metodológico de que os fatos sociais deviam ser observados como se fossem coisas.
Uma corrente metodológica que tem marcado influência na pedagogia contemporânea é o behaviorismo, ou psicologia do comportamento. Esta corrente inspirou-se inicialmente nas experiências com reflexo condicionado levadas a feito pelo russo Pavlov e desenvolveu-se com a contribuição de Skinner (1904-1990).
O princípio do condicionamento se baseia no associacionismo; conforme esta teoria a aprendizagem se faz quando associamos dois estímulos, sendo que um deles funciona como reforçador de uma resposta. Ao aplicar esse princípio à aprendizagem, Skinner inventa a instrução programada.

REFERÊNCIAS

ARANHA, M.L.A. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 1996.
BECKER, F. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola. Petrópolis: Vozes, 1993.
VYGOTSKY, L.S .A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

cacional

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