sábado, 4 de abril de 2009

Os instrumentos do filosofar- Filosofia da educação

Área Educacional

OS INSTRUMENTOS DO FILOSOFAR

A bondade desarmada, incauta, inexperiente e sem sagacidade nem sequer é bondade; é ingenuidade estulta e apenas provoca desastre.
(Antônio Gramsci)
APRESENTAÇÃO

Ao ler o título do texto abaixo, muitos de vocês ficarão surpresos e poderão até dizer que não estão fazendo curso de Português; entretanto, só esta minha colocação já irá acomodá-los e logo entenderão a razão de ser do mesmo.
Realmente, se estou lhes passando uma prática pedagógica, com a qual irá orientar seus alunos a fazerem um seminário, servirá para qualquer curso, bem como a filosofia que se destina a qualquer disciplina. Entretanto o meu objetivo é levá-los a refletir sobre a educação como trabalho, tanto do aluno como do professor.

APRENDENDO A FAZER UM SEMINÁRIO

Cada vez que um professor pede a seus alunos que façam um seminário, a reação é sempre a mesma. Os alunos aceitam, escolhem o tema e quando começam a pensar no trabalho, descobrem que não têm nenhuma idéia de como fazê-lo. Em geral, o resultado é mais ou menos catastrófico e tanto aluno como o professor se sentem frustrados. Vejamos o que pode ser um seminário e como fazê-lo
O seminário, como nós o conhecemos nas escolas brasileiras, abrange dois tipos diferentes de trabalho.
O tipo mais simples de seminário é o que se limita à apresentação oral das idéias principais de um texto. O professor, na impossibilidade de pedir que todos os alunos leiam certo número de textos para o seu curso, divide estes textos em vários grupos de alunos ou vários alunos, cada um se responsabilizando pela apresentação para a classe do texto que lhe coube. O objetivo deste tipo de trabalho é que todos os alunos tenham contato com as idéias apresentadas em textos diferentes ou em vários capítulos de um mesmo livro.
Para fazer estas atividades, basta seguir as indicações dadas anteriormente sobre leituras, análise de textos e fichamento. Conhecida a estrutura lógica do texto, será fácil para o aluno apresentar, com suas próprias palavras o encadeamento do pensamento do autor.
O segundo tipo de seminário consiste no aprofundamento de um assunto por meio da síntese pessoal de uma bibliografia variada. Nesse caso, dado um tema, o aluno passará a ler o que diferentes autores escreveram a respeito do assunto em questão para chegar a uma opinião pessoal. Este tipo de trabalho, mais complicado que o primeiro, envolve vaias etapas.
Como primeira atividade, precisamos fazer um levantamento bibliográfico sobre o assunto, isto é, saber quais os artigos e livros que tratam desse assunto. Para isso, devemos procurar uma boa biblioteca e consultar o seu fichário, no qual as obras se encontram catalogadas por autor ou por assunto. Se não tivermos conhecimento de nenhum autor que tenha escrito sobre o assunto que nos interessa no momento, devemos consultar, antes, o catálogo de assuntos. Este é um trabalho que exige muita reflexão.
Levantados os primeiros textos, consultamos a bibliografia específica usada por seus autores, que certamente, nos fará encontrar muitos outros textos importantes.
Agora, o aluno terá o trabalho de procurar estes textos nas estantes e examiná-los para saber quais os que realmente interessam ao nosso trabalho. Podemos descobrir isto lendo o índice, o prefácio, as orelhas ou o resumo que aparece no final ou no início da obra. Nessa etapa do trabalho, é também importante a leitura diagonal, ou seja, a leitura rápida e superficial em que se deixa os olhos correrem pelo texto. Esta leitura diagonal requer certo treino e só serve como primeira aproximação, que nos permite saber em linhas gerais do que o texto trata e se o ponto de vista utilizado interessa para o trabalho a ser feito.
Selecionados os textos que iremos usar, devemos elaborar um plano provisório que abranja os vários aspectos do assunto e que irá nortear o trabalho que se seguirá: a leitura e o fichamento de tópicos.
Uma vez feita a leitura e o fichamento, teremos o material necessário para fazer o plano definitivo do trabalho, organizando as idéias de modo a desenvolver a argumentação de forma lógica e coerente.
Finalmente, o trabalho será apresentado, colocando as conclusões a que os alunos chegaram a partir da pesquisa. Essas conclusões podem ser um balanço dos resultados obtidos, ou do ponto de vista pessoal, enquanto autores, sobre esses resultados, ou sobre sua validade, alcance e importância do trabalho.

CONCLUSÃO

Inicialmente, parece um texto puramente didático; entretanto ele exige muita reflexão e muito trabalho. Fiz questão em grifar todas as palavras trabalho, justamente para que vocês percebam o quanto os alunos trabalharam , bem como o professor, ao orientá-los Os alunos também são profissionais.
Este texto vem ao encontro do aspecto que demonstra o relacionamento da educação com o trabalho, que diz que a educação se realiza pelo trabalho e prepara para o trabalho.
Entretanto, por ser um trabalho intelectual, não tem o mesmo valor que o trabalho manual; mas só de vocês estarem lendo e refletindo sobre o texto, vocês estão se relacionando com a natureza, com o social e com vocês mesmo e assim estão exercendo suas práticas: produtiva, social e simbolizadora, que é a prática real do homem, ou seja, o trabalho.

REFERÊNCIA

ARANHA, M.L.A., MARTINS, M.H.P. Temas de filosofia.
São Paulo: Moderna, 11992.

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