sábado, 4 de abril de 2009

Tentativa de superação- Filosofia da educação

Área Educacional
TENTATIVA DE SUPERAÇÃO

As tendências empirista e apriorista foram consideradas insuficientes para explicar a complexidade do ato cognitivo, esbarrando verias vezes em problemas insolúveis. Por este motivo outros teóricos se ocuparam na busca de uma compreensão mais elaborada do problema, a fim de superar as duas posições antagônicas.
Só para exemplificar citaremos os autores das tendências: Leibniz e Kant no século XVIII, Hegel e Marx no século XIX. No século XX, a questão mereceu a atenção de Husserl, representante da fenomenologia, cujo postulado básico é a noção de intencionalidade. Dizer que a consciência é intencional significa estar indo contra os inatistas, pois não há pura consciência separada do mundo, mas toda consciência é consciência de alguma coisa. Também contraria os empiristas, pois para o fenomenólogo, não há objeto em si, já que o objeto só existe para um sujeito. Com isto acaba a dicotomia entre sujeito e objeto.
Estas teorias citadas, além de outras, têm muito a ver com as tendências da pedagogia contemporânea.

PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁXIS PEDAGÓGICA

Talvez vocês ainda não estejam muito convencidos da ligação intrínseca existente entre as questões epistemológicas citadas e a práxis do professor.
Aranha (1996, p.132), coloca um exemplo:

Se perguntarmos a um professor o que ele considera importante fazer para que seu aluno aprenda de fato, ele pode dar as seguintes resposta:
1) é importante que o professor saiba transmitir bem o conhecimento acumulado na cultura a que pertence.
2) O aluno precisa estudar bastante, treinando o suficiente para fixar o que aprendeu.
3) O esforço do professor é irrelevante diante de alunos carentes, mal alimentados, vindos de famílias sem tradição cultural.
4) O professor deve premiar quem trabalha bem e punir com nota baixa quem não se esforça.
5) O bom professor é capaz de despertar no aluno o gosto pelo estudo.
6) O professor precisa saber qual é o estágio de desenvolvimento intelectual do aluno com o qual vai trabalhar, a fim de criar situações que ele aprenda por si próprio.

A análise da autora, com a qual concordamos, foi a seguinte: os exemplos 1,2,3, e 4, se fundamentam na tendência empirista, pois partem do pressuposto de que o conhecimento é algo que vem de fora, sendo que o sujeito recebe de uma forma mais ou menos passiva.
O 5° exemplo tem uma característica própria do apriorismo, considerando o gosto de conhecer um elemento inato, que precisaria ser revelado, despertado.
Já o 6° exemplo caracteriza uma tentativa de separação das duas posições, na medida em que parte do pressuposto de que o conhecimento do aluno não é o mesmo para todos nem é estático, mas se faz por estágios; além disso ele enfatiza o aspecto pessoal e dinâmico de conhecer.
Pelos exemplos podemos chegar às seguintes conclusões:
1ª- Nas teorias pedagógicas fundadas pelo empirismo existe a primazia do objeto. Daí a importância do meio de transmissão dos conhecimentos acumulados e, portanto, do conhecimento como descoberta de algo que já existe e não como resultado de uma construção.
Segundo esta perspectiva o sujeito é de certa forma passivo, receptivo ao conhecimento que viria de fora e só em um segundo momento seria incorporado pelo sujeito e transformado em conteúdo mental.
Estudiosos afirmam que a tendência empirista é a que caracteriza mais amplamente a epistemologia do professor; afirmam ainda que muitas vezes o professor desconhece esses pressupostos, e mesmo quando pensa estar partindo de fundamentos diferentes, destacam-se características empiristas na sua verbalização.
2ª- A teoria apriorista dá ênfase ao sujeito que teria de antemão formas, idéias inatas que funcionariam como condição de qualquer conhecimento. A partir dessa perspectiva a educação surge como um processo de atualização, no sentido de tornar presente o que cada um tem em potência. Assim um aluno fracassa porque não tem inteligência.
As teorias pedagógicas, cujos pressupostos epistemológicos pretendem superar o apriorismo e o empirismo são as conhecidas como: interacionistas e construtivistas. Interacionista, porque o conhecimento é concebido como resultado da ação que se passa entre o sujeito e o objeto.
Os pólos sujeito-objeto, homem-mundo, professor-aluno que se achavam dicotomizados, nas teorias anteriores, encontram-se aqui interrelacinados sem que se busque o enfoque de um dos lados, já que ambos têm importância no processo.
O interacionismo valoriza o objeto, o mundo, o professore, portanto, o conhecimento como produto acumulado pela humanidade e a autoridade do saber do mestre. Mas valoriza também o sujeito, o aluno com sua experiência de vida e sua capacidade de construção do conhecimento.

CONCLUSÃO

Estas colocações fazem parte da formação do professor; e conseqüentemente da sua competência; de nada adianta saber o conteúdo que vai ministrar, mas desconhecer os meios de colocá-lo; e que a educação é política, mas dizer que sua metodologia é apolitizada È importante que saiba também o que é conhecimento e como ele se constrói, através de uma interação entre sujeito que conhece e objeto a ser conhecido.
O objetivo, ao repetir as teorias que já viram no ano passado, foi justamente o de mostrar a influência, principalmente do empirismo até nos dias de hoje, em muitas práticas educativas.
O que não pode ocorrer é um professor se dizer construtivista, dar aulas expositivas e cobrar na avaliação o que falou em sala de aula.

REFERÊNCIAS

ARANHA, M.L.A. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 1996.
BECKER, F. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola. Petrópolis: Vozes, 1993.
VYGOTSKY, L.S .A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Nenhum comentário:

Postar um comentário