segunda-feira, 6 de abril de 2009

O relacionamento da filosofia da educação com a pedagogia

Área Educacional
O RELACIONAMENTO DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO COM A PEDAGOGIA


Destas duas propostas que versam sobre a educação, uma é radical, irrealizável de determinado modo e realizável de outro.
A função do filósofo da educação é dar o seu parecer as questões da educação. De acordo com Guiraldelli Jr.(2006, p.35), Ainda que o filósofo faça o elogio de educação irrealizável, ou muito difícil de efetivar, seu discurso visa mostrar a legitimidade da teoria educacional geradora das regras da educação.
A teoria que gera as regras da educação é a pedagogia. Os instrumentos e procedimentos mais técnicos, para que a pedagogia se efetive e a educação se realize formam a didática. Por fim, a educação, é claro, é a própria realização da atividade prática da formação do indivíduo.
Para que a educação ocorra de um bom modo, é necessária a filosofia da educação, que é a atividade pela qual haverá a legitimação da pedagogia e alguma indicação para a escolha da didática.
Fica bem evidente a relação dos termos: filosofia da educação. pedagogia, didática, e educação. A primeira tem um caráter questionador reflexivo e legitimador; a segunda é valorativa e normativa; a terceira tem um caráter técnico e de viabilização da educação e a quarta é a prática.
Para nós, no momento só interessa o relacionamento da filosofia da educação com a pedagogia, com o intuito de analisar como a primeira visa legitimar a segunda.
Sabemos que a pedagogia é a teoria da educação: é uma narrativa sobre o que deve acontecer na prática educativa, conforme os objetivos preestabelecidos, de acordo com os valores que se quer preservar ou em busca de valores emergentes. Por sua vez, o pedagogo é a pessoa que sabe quais são as normas para a efetivação de uma boa educação.
A filosofia da educação, tem como objetivo fundamentar ou justificar a pedagogia, sendo o filósofo da educação o responsável por esta função em relação à atividade do pedagogo. Ao fundamentar ou justificar, o filósofo da educação está apresentando uma razão pela qual uma determinada pedagogia é melhor do que outra para dirigir a educação, Esta razão pode se apresentar como fundamento ou justificação.
Quanto a este aspecto da pedagogia, há quem diga que ela se torna legítima, quando está bem fundamentada; entretanto, há outros que preferem dizer que a pedagogia, como qualquer outro conjunto de normas, não tem fundamentos, ao menos no sentido forte do termo; tais pessoas são de opinião que a pedagogia se torna legítima quando é bem justificada.
Mas, afinal, o que é fundamentar ou justificar uma pedagogia?
Conforme Guiraldelli (2006, p.36),
A fundamentação, no sentido forte, implica a existência de uma narrativa que permite dizer que a teoria educacional, os procedimentos educacionais, as metas e os valores que norteiam a educação estão todos assentados em crenças verdadeiras, sabidamente verdadeiras. Tais verdades estão assentadas numa evidência — decerto modo questionável — ou num saber que se coloca acima de qualquer outro tipo de saber, de modo que é ele que permite a existência teórica de todos os outros saberes. Ele é o fundamento dos demais.
Assim, tomando como exemplo, imaginemos uma “pedagogia libertadora”. Foi criada, escrita e colocada em à disposição. O objetivo dessa nova pedagogia é dar regras para educar o homem de modo que ele seja livre. Muitos poderão aceitar e adotar tal pedagogia. Entretanto, eles podem questionar sobre o motivo de adotar uma “pedagogia da liberdade”. A resposta do filósofo da educação, uma vez fundacionista, pode ser a seguinte: o homem, tendo consciência, escapa de situações que pareciam predeterminadas e escolhe novos caminhos.
È possível achar que o homem não tem o direito de mudar de vida? Afinal, o homem é diferente dos demais animais, pois ele tem esta liberdade. A doutrina da liberdade do homem, então, passa a ser como uma evidência, contra a qual não há questionamento. A doutrina da liberdade natural, como aparece em Rousseau, por exemplo é uma metanarrativa, que justifica a esta situação. Sua filosofia se fez no sentido de afirmar a liberdade do homem e assim fundamentar, portanto legitimar, qualquer pedagogia que mantivesse ou promovesse tal liberdade natural do homem.
Se a metanarrativa visa legitimar uma pedagogia que se preocupa em formar o homem para ser livre, ou seja , para ele ser o que essencialmente é, trata-se de uma filosofia da educação fundacionista.
Entretanto, há aqueles que questionam e não acreditam que exista algo como a liberdade natural do homem, não achariam legítima a adoção da pedagogia.
Vejamos agora uma outra situação. Uma pedagogia que tem como meta a liberdade do homem, pode também ser legitimada por uma narrativa que fornece justificações. A questão sobre se o homem é essencialmente livre é deixada de lado, pois agora estamos numa situação de não se acreditar na liberdade natural.
Qual será a atitude do filósofo da educação neste momento? Ele opta por discussão de vantagens que variam de ordens — emocionais, de prazer, de aquisição de poder, de dinheiro, de vida melhor etc. Trata-se de uma vida que tem como meta a liberdade e não a escravidão e a subserviência.. O homem aprendendo a ser livre torna-se apto a tomar decisões necessárias para uma vida melhor, pode mudar o rumo de seus percursos para melhor, colocar a imaginação para funcionar, enfim, mudar de profissão, de cidade e até de amores.
A doutrina da liberdade, neste segundo momento, mudou de situação; agora trata-se de uma justificativa. Justificar tal decisão da pedagogia é uma tarefa filosófica de argumentação persuasiva. Argumenta-se pela vantagem, pelos lucros de tal educação.
A justificativa, nesse caso, é plausível; trata-se de uma narrativa filosófica que visa a legitimar uma pedagogia que diz educar o homem para ser livre: é uma filosofia da educação justificadora

CONCLUSÃO

Embora de uma forma bem simples tentamos colocar a diferença entre justificação e fundamentação. Em ambos os casos a filosofia da educação elabora um discurso, assentado em bases racionais, refletidas; por causa disso, a filosofia da educação pode ser definida como uma reflexão sobre a educação. Seu papel é dar legitimidade à pedagogia, que é menos reflexiva e mais normativa.
Nesse sentido, vocês futuros pedagogos, e possivelmente, futuros filósofos da educação, também poderão colaborar para que a educação brasileira torne-se mais eficaz, a fim de haja uma sociedade mais justa e com menos violência.
Estes são os votos de quem confia muito na educação, pois a considera a base do desenvolvimento de uma nação.

REFERÊNCIAS


GUIRALDELLI JR. Paulo. Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006.
————————. O que é filosofia da educação. Rio de Janeiro, DPA, 2000.

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