domingo, 29 de março de 2009

Área Educacional- Filosofia da educação

Área Educacional



FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO



Já vimos no início do curso que a filosofia é algo “que com ela ou sem ela, o mundo continua o mesmo”. Do mesmo modo, muitos poderão perguntar o porquê da filosofia num curso que prepara para o magistério. Afinal para que serve a filosofia?
Todas essas e outras questões são colocadas por vivermos numa sociedade pragmática, voltada para as coisas práticas, voltada para aplicação imediata dos conhecimentos; aí não se justifica a filosofia, sendo freqüentemente repudiada como uma ocupação inútil
Contudo a filosofia é necessária, pois como já vimos, é ela que reúne o pensamento fragmentado pela ciência, buscando compreender o mundo da técnica dilacerado pela especialização; é graças à filosofia que o homem adquire uma outra dimensão, além daquela que é dada pelo agir imediato, em que está mergulhado no seu dia-a-dia. Além disso, é a filosofia que impede a estagnação, ou seja, a falta de questionamento, pois sua investigação abrange a ética e a política, confrontando-se com o poder. Daí sua função de desvelar a ideologia que acarreta a dominação (ARANHA, 1996).
Em se tratando da educação, a filosofia justifica-se pelo próprio amadurecimento do humano do educador; trata-se de uma reflexão específica e rigorosa sobre o ato de educar, pois muitas vezes a educação é dada de uma forma espontânea, ou seja, a partir do senso comum repetindo-se costumes transmitidos de geração para geração. Por isso, é importante observar o que nos diz Aranha (1996, p.108):

A fundamentação teórica é necessária para que seja superado o espontaneísmo, permitindo que a ação seja mais coerente e eficaz. Aliás, é bom lembrar que o conceito de teoria não se separa do conceito de prática, que é o seu fundamento. Isso significa que a teoria não deve estar desligada da realidade, mas deve partir do contexto social, econômico e político de onde vai atuar. Quanto mais rigorosa for, mais intencional será a prática.

A esse respeito, também é importante repetir as mesmas palavras de Aranha:

Só assim é possível definir os valores e os objetivos que orientam a ação, pois não se pode teorizar sobre a educação em si, o homem em si, o valor em si. A partir da análise do contexto vivido, o filósofo irá indagar a respeito de que homem se quer formar, e quais são os valores emergentes que se contrapõem a outros valores já decadentes e quais os pressupostos do conhecimento a ser ministrado(1996, p.108).

Estão aí destacados os três aspectos fundamentais colocados pela filosofia da educação, para que a prática pedagógica seja eficiente:
* o aspecto antropológico: examinar a concepção de homem que se quer formar para que não se eduque a partir da noção abstrata de homem em si;
* o aspecto axiológico: saber dos valores que orientam a ação pedagógica, para definir os objetivos a serem alcançados;
* o aspecto epistemológico: definir os conteúdos a serem trabalhados e a metodologia correspondente, a fim de que se alcancem os objetivos, sempre evitando o risco de cair no tecnicismo, que é a valorização dos meios que se transformam em fins.
Além das análises antropológica, axiológica e epistemológica, a filosofia da educação tem a função da interdisciplinaridade, pela qual estabelece a interação entre as diversas ciências e técnicas que auxiliam na educação.
Sem esgotar todos os aspectos que demonstram a importância da filosofia, diríamos mais um que se apresenta como fundamental para a prática pedagógica: a filosofia impede que a pedagogia se torne dogmática, fazendo com que a educação se transforme em adestramento ou qualquer outro tipo de pseudo-educação. Por isso a filosofia da educação é importante para denunciar determinadas ideologias que utilizam a educação como forma de dominação.
De tudo o que foi exposto, tira-se a seguinte conclusão: é necessário que a formação do educador esteja voltada não só para o preparo técnico-científico, mas também para sua politização e formação filosófica


REFERÊNCIAS

ARANHA, M.L.A. Filosofia da educação. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1996.
REBOUL, O. Filosofia da educação. Tradução de Luiz Damasco Pena e J.B. Damasco Pena. 6.ed.São Paulo:Nacional, 1985.(Atualidades Pedagógicas).
SAVIANI, D.. Educação: do senso comum à consciência filosófica.São Paulo: Cortez, 1980.
SEVERINO, A.J. Filosofia da educação: construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 1994.

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