domingo, 29 de março de 2009

Área Educacional- Psicologia do desenvolvimento

Área Educa

OBJETIVOS
Neste texto trataremos do desenvolvimento da linguagem e da sua importância para a comunicação da criança.


LEITURA RECOMENDADA


A conquista da linguagem significa um marco no desenvolvimento humano, pois é ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Por meio dela as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.
É por meio da linguagem que assimilamos a história social e a cultura que nos envolve e que foi criada por gerações antecedentes. Para Luria (1979), o surgimento da linguagem traz pelo menos três mudanças na atividade consciente do homem.
A primeira delas é que o homem é capaz de nomear objetos estando na presença deles ou não, dirigir atenção a eles e conservá-los na memória. "A linguagem duplica o mundo perceptível, permite conservar a informação recebida do mundo exterior e cria um mundo de imagens interiores" (Luria, 1979, p. 80). A segunda mudança trazida pela linguagem na formação da consciência humana é a possibilidade de abstração e generalização que a palavra de uma língua oferece, dando à linguagem não somente a possibilidade de comunicação, como também de veículo do pensamento. E, finalmente, "a linguagem é o veículo fundamental de transmissão de informação, que se formou na história da humanidade" (Luria, 1979, p.81).
Esses destaques nos permitem compreender a centralidade ocupada pela linguagem no desenvolvimento da consciência e nas relações estabelecidas entre o homem e o mundo, já que ela traz a informação, o conhecimento, os diferentes comportamentos culturais. "A linguagem penetra em todos os campos da atividade consciente do homem" (Luria, 1979, p. 82). Reorganiza os processos de percepção do mundo, modifica os processos de atenção e memória do homem, amplia a sua informação, assegura o surgimento da imaginação; reorganiza as vivências emocionais e se processa de forma interdependente com o pensamento.
Neste sentido, a criança-sujeito se constitui na e pela interação com outras crianças, com os adultos, com o meio físico, social e ideológico. As escolas representam um contexto de socialização que propicia a interação entre as crianças e com o meio físico e social, que leva ao seu próprio desenvolvimento, enquanto agente ativa e independente da mediação direta do adulto.
Em relação à cultura, Florestan Fernandes (2004, p. 245) afirma que cultura infantil significa o mesmo que folclore infantil, aproximadamente: Há uma cultura infantil, cujo suporte social consiste nos grupos infantis, em que as crianças adquirem, em interação, os diversos elementos do folclore infantil.
Na interação com o meio físico são importantes as brincadeiras, principalmente as tradicionais, que fazem parte do folclore, que é cultura. Assim, a cultura infantil é constituída de elementos culturais quase exclusivos das crianças, caracterizados pela natureza lúdica, apesar de grande parte dos elementos da cultura infantil proverem da cultura do adulto.
Em vista desse conjunto de concepções, sabe-se que as crianças desenvolvem-se sob condições adversas no início da vida e formam sua personalidade em meio às práticas culturais. As relações interpessoais e as significações que ocorrem na instituição estão indubitavelmente vinculadas a seu funcionamento nos âmbitos do intelecto e do afeto. Portanto, para tentar compreender um pouco sobre elas, é precise analisar as mediações do grupo social da escola.
É fato que as crianças são diferentes e têm especificidades não só por pertencerem a diferentes classes sociais ou por pertencerem a momentos diversos em termos de desenvolvimento psicológico. Também os hábitos, costumes e crenças de suas famílias interferem na sua percepção de mundo e na sua inserção social. Então, suas histórias concretas e a história de seu tempo precisam ser consideradas.
O direito e a voz da criança se vêem definidos pela voz do adulto, infringindo um direito que é dela, colocando em pauta uma discussão ética, política e cultural.
A visão adultocêntrica que a nossa sociedade tem da criança entende-a como uma "vir a ser", "um futuro adulto" dificultando o nosso entendimento da criança inserida em um todo social.
A globalização trouxe alguns efeitos para a criança, como a homogeneização percebida através de produtos para a infância (brinquedos, moda infantil e etc) e a discussão de um discurso de direitos. Simultaneamente trouxe a heterogenização, pelos efeitos desigualizadores na esfera mundial, que são revelados pelo não acesso à escola, trabalho infantil, sacrifício em seitas religiosas, tráfico de crianças dentre outras situações vistas e vividas em nosso cotidiano. Mediante esse quadro, perguntamos sobre a possibilidade de considerar a criança como sujeito social.
O lugar da criança é, em suma, o lugar das culturas da infância. Mas esse lugar das culturas é continuamente reestruturado pelas condições estruturais que definem as gerações em cada momenta histórico concreto.

cional

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