sábado, 28 de março de 2009

Área Educacional

OBJETIVOS


Refletir sobre a importância da prática educativa, avaliar seus resultados, registrar as mudanças e fortalecer os questionamentos sobre a didática de ensino.

LEITURA RECOMENDADA


Refletir sobre a prática, avaliar resultados e deixar tudo isso registrado ajuda a fortalecer o ensino a longo prazo.

Freqüentemente criticamos os políticos que chegam ao poder começando tudo da estaca zero, como se nada houvesse acontecido antes. Na política educacional isso tem um efeito devastador. Os resultados, em educação, são quase sempre de longo prazo. E, se tudo mudar a cada quatro anos, nunca haverá tempo para ver o que deu certo, o que deu errado e quais fatores contribuíram para o resultado.
A esse problema agrega-se outro ainda mais preocupante dentro das escolas públicas: a falta de uma "memória" coletiva e documentada.
Num momento em que a lei abre espaço para a autonomia e que as equipes escolares estão dando os passos iniciais para tornar a norma legal uma realidade concreta, é urgente que as escolas comecem a documentar suas experiências e analisar as condições e os fatores que contribuem para o sucesso ou o fracasso. Essa é sem dúvida uma das dimensões do exercício da autonomia. Não basta ter um projeto e executá-lo. É imprescindível avaliá-lo e registrar a avaliação, de tal modo que seja útil para outros professores ou escolas.
Talvez não haja maneira mais eficaz de formação continuada para um professor do que conhecer iniciativas que deram certo. Esse saber produzido pela reflexão sobre o que se faz é o melhor exemplo de inteligência teórico-prática. E sua construção coletiva, a melhor forma de tornar o chão da escola um espaço de aprendizagem para os professores, no presente e no futuro.
Há duas condições indispensáveis para que cada escola consiga fazer um registro útil de sua vida institucional.
A primeira é a existência de um conjunto de objetivos compartilhados por todos. Já falamos muito que nenhum vento ajuda quem não sabe para onde navega. E, para mapear o percurso, é indispensável contar as dificuldades e oportunidades que surgiram no caminho.
A segunda condição é saber refletir sobre a própria prática. A expressão "professor reflexivo" corre o risco de se tornar um jargão vazio se não a concretizarmos em situações que possam ser compreendidas por todos. Não vejo outra maneira de fazer isso senão submetendo nossa prática a estas perguntas cruciais:
O que queríamos que os alunos aprendessem?
O que fizemos para alcançar esses objetivos?
O que de fato eles aprenderam?
Como e por quê?
Se não quisermos repetir em cada escola os desacertos que acontecem nas políticas educacionais, é preciso garantir a continuidade de nosso trabalho. Continuidade não é fazer mais do mesmo. É manter o mesmo foco, mudando ou preservando o fazer escolar em função dos objetivos de aprendizagem.
É para isso que servem à documentação e a memória escolar, que podem ser úteis também para dar argumentos contra mudanças casuísticas e demagógicas que os dirigentes políticos costumam impor à educação.
(Guiomar Namo de Mello)

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