sábado, 28 de março de 2009

Área Educacional

OBJETIVOS


Refletir sobre a arte de ensinar para qualificar a atuação e ação do profissional da educação.

LEITURA RECOMENDADA


O fato de saber refletir a própria prática não seria a atitude mais compartilhada do mundo? Será que todos os profissionais não refletem sobre o que fazem? Poderíamos impedir que fizessem isso? A reflexão na e sobre a ação não é própria da espécie humana?
Em uma palavra: por que formar para a reflexão se isso parece ser tão natural quanto é natural respirar? Por que necessitaríamos dessa aprendizagem na formação dos professores se ela já existia? Os estudantes classificados no vestibular ou em outros concursos já não foram iniciados na reflexão desde o ensino médio e não a aplicarão, por ventura, à sua formação e, no futuro, à sua ação profissional?
É verdade que os futuros professores precisam menos de uma formação profissional para aprender a pensar, pois seu itinerário prévio já providenciou isto. No entanto, será que eles possuem as posturas e os hábitos mentais próprios de um profissional reflexivo? Entre a forma comum de refletir e uma prática reflexiva não há a mesma diferença que aquela existente entre a respiração de qualquer humano e a de cantor ou de um atleta?
Estamos falando, nesse caso, em uma postura e em uma prática reflexivas que sejam que sejam a base de uma análise metódica, regular, instrumentalizada, serena e causadora de efeitos; essa disposição e essa competência, muitas vezes, só podem ser adquiridas por meio de um treinamento intensivo e deliberado.

Vamos apresentar dez motivos ligados, de forma desigual, às evoluções e às ambições recentes dos sistemas educativos. Em todos os casos, eles trazem uma visão definida do ofício de professor e da escola. O leitor que não está de acordo com ela não aceitará os motivos apresentados para formar professores que reflitam sobre sua prática. Talvez não aceite nenhum deles.
Entre esses motivos, não há cronologia nem hierarquia. Podemos esperar que uma prática reflexiva:
· Compense a superficialidade da formação profissional;
· Favoreça a acumulação de saberes de experiência;
· Propicie uma evolução rumo à profissionalização;
· Prepare para assumir uma responsabilidade política e ética;
· Permita enfrentar a crescente complexidade das tarefas;
· Ajude a vivenciar um ofício impossível;
· Ofereça os meios necessários para trabalhar sobre si mesmo;
· Estimule a enfrentar a irredutível alteridade do aprendiz;
· Aumente a cooperação entre colegas;
· Aumente as capacidades de inovação.
Todos esses motivos podem proporcionar uma reflexão coerente com a prática educativa e outros motivos que, aqui não estão explícitos, mas, vocês educadores sabem que enfrentarão, caso venham praticar momentos de reflexão de sua atuação e ação.


PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor. Profissionalização e razão pedagógicas. Porto Alegre (Brasil), Ed. Artmed, p. 47. 2002.

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