domingo, 29 de março de 2009

Infância e como a globalização influenciou no seu desenvolvimento em relação à identidade infantil - Psicologia do desenvolvimento

OBJETIVOS

Neste texto trataremos da infância e de como a globalização influenciou no seu desenvolvimento em relação à identidade infantil.


LEITURA RECOMENDADA


As condições de existência e de inserção da criança em cada contexto social, político, cultural e econômico delineiam as diferentes concepções de infância e as diferentes maneiras de ser criança.
A partir dos estudos de Ariès (1973), é possível conceber a infância como uma construção social. Essa afirmação constitui um lugar comum na análise sociológica da infância. Sarmento afirma que:
“Se houve sempre crianças, não houve sempre infância. A consideração das crianças como um grupo etário próprio, com características identitárias distintas e com necessidades e direitos genuínos, é muito recente, é mesmo um projeto inacabado da modernidade” (SARMENTO, 2001, p. 13).

A globalização trouxe alguns traços marcantes para a infância, com relação a sua identidade, sendo pela primeira vez na história, possível considerar as interações globais para contribuírem para uma infância mundial, o que não significa que as diferenças e as desigualdades não foram acentuadas. Os processos políticos, econômicos, a criação de um mercado global de produtos para a infância, os processos culturais e sociais, operaram e operam sobre a forma de se conceber a infância e tratar a criança no cotidiano, nas instituições escolares, ao se pensar nas políticas públicas e na formação de professores para atuar junto à criança.
As escolas, hoje, se vêem desafiadas a destituir um modele de infância e implantar ações educativas que dêem voz à criança. Isso implica em analisar e compreender como a criança pensa e concebe o mundo e, particularmente a instituição, como ela representa o seu próprio universo.
Estudos sobre a infância revelam que não é mais possível pensar na criança de uma forma idealizada devido ela estar imersa em uma cultura da qual é partícipe e não simplesmente subordinada. Moss (2002) aponta que os novos conceitos de criança levam necessariamente a mudanças nas instituições escolares e na atuação dos profissionais: crianças e adultos participam juntos de projetos variados, socialmente, culturalmente, politicamente e economicamente significativos; as escolas são parte da vida das crianças e não preparação para a vida; o professor reflete sobre sua prática, e co-construtor do conhecimento, cria ambientes desafiadores; e aprende com as crianças.
O pensamento de Paulo Freire, considerado por ele mesmo como uma teoria do conhecimento, denominava o analfabetismo de "cultura do silêncio", significando que as pessoas analfabetas eram destituídas da palavra. Era preciso “dar-lhes a palavra, ou melhor, ainda, ajudar-Ihes a dizer a sua palavra" (Fiori afirma no Prefacio de Pedagogia do Oprimido) para que 'transitassem' para a participação na construção de um Brasil, que fosse dona de seu próprio destino e que superasse o colonialismo. Para Freire, o analfabetismo era sinônimo de exclusão social, de ausência de participação e de leitura do mundo.
No meio acadêmico, quando se ensina sobre educação, em especial nos Cursos de Pedagogia ou de formação de profissionais da educação, Paulo Freire é visto quase exclusivamente como um educador progressista ou alguém cujo "método" não contempla a escola formal.
Para a educação, o pensamento de Paulo Freire pode ser expresso pelas palavras de Lima (1986), quando ao retomar uma das obras de Freire ­Educação como prática de liberdade, apontou a necessidade de manifestação e expressão das crianças para que sejam capazes de descreverem e analisarem a realidade. Segundo a autora: ·
“Falar não é apenas uma questão cultural e política, mas, em se tratando de criança, uma necessidade do crescimento psicológico” (Lima, 1986, p.24).

Assim, falar é entendido como um direito e uma necessidade da criança. Por certo, o pensamento freireano protesta contra as relações assimétricas entre professores e alunos, sobre a negação da fala, do exercício da liberdade, do direito de ser.

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